Drone constatou atirador em Novo Hamburgo 'desfalecido' após três incursões do Bope; armas eram legalizadas, diz polícia
Três pessoas foram mortas, entre elas, o pai e o irmão do acusado. Além dos agentes de segurança, há outros nove feridos, todos encaminhados para atendimento hospitalar
Por Rafaela Gama, Julio Cesar Lyra, Filipe Vidon, Lucas Guimarães, Júlia Cople — Rio de Janeiro
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RESUMO
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GERADO EM: 23/10/2024 - 12:07
Ataque em Novo Hamburgo: 3 mortos, 9 feridos e atirador "desfalecido"
Um homem em Novo Hamburgo abre fogo, matando três e ferindo nove, incluindo agentes. A polícia, após incursões, encontra o atirador "desfalecido". Armas legalizadas são encontradas. O atirador, com histórico de esquizofrenia, pode ter planejado o ataque. Outras vítimas estão gravemente feridas e em tratamento hospitalar. O desfecho fatal do atirador ainda será confirmado pela perícia.
O sobrevoo de um drone sobre a casa em que um homem de 45 anos abrira fogo contra parentes e agentes, em Novo Hamburgo (RS), mostrou que Edson Fernando Crippa estava "desfalecido" e motivou a entrada de agentes na residência, na manhã desta quarta-feira. Antes disso, o atirador matou três pessoas — o próprio pai, o irmão e um policial militar — e feriu outras nove.
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Segundo a polícia, a cada aproximação de agentes, o homem desferia "quantidade significativa de disparos". Com a chegada do reforço do Batalhão de Choque e do Bope, essa aproximação passou a ser realizada com escudos balísticos e cobertura de fogo. Foram três incursões do Batalhão de Operações Especiais — a primeira, para socorrer os policiais feridos e as seguintes, para resgatar os familiares de Edson. Nas três ações, dois PMs foram feridos por estilhaços, entre eles o comandante do Bope.
Os agentes tentaram estabelecer contato com o atirador, sem sucesso, e confirmar se havia mais alguém com ele na residência. O objetivo era evitar outros "danos colaterais", além das vítimas feitas por Edson, de acordo com informações repassadas em entrevista coletiva, nesta quarta. Um drone da corporação verificou que o atirador estava "desfalecido", e o Bope constatou a morte. Com o homem, foram encontradas duas pistolas, duas espingardas e carregadores de 9mm e 380.
Os policiais que entraram na residência encontraram o atirador já sem vida no local. As autoridades apuram se ele foi ferido durante uma das incursões de agentes, atingido em meio à aplicação da técnica "saturação de fogo" — tática de disparos em sequência que ficou mais conhecida pelo emprego militar na Segunda Guerra Mundial.
Ainda de acordo com as autoridades, Edson era CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), e todas as armas registradas em seu nome dele eram legalizadas. O homem não tinha antecedentes criminais, mas havia contra ele um boletim de ocorrência por ameaça. As autoridades não detalharam as circunstâncias do registro policial.
As autoridades afirmam ser uma "possibilidade" que Edson tenha planejado a ação. A hipótese será investigada. O homem tinha estocado água no quarto e guardava "quantidade considerável" de munição. Edson tinha ao menos quatro internações por um quadro de esquizofrenia.
Dois policiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, além da mãe e da cunhada do atirador que efetuou disparos em Novo Hamburgo (RS) nesta quarta-feira, estão internados em estado grave e seguem em atendimento de emergência. Um homem de 45 anos, identificado como Edson Fernando Crippa, matou outras três pessoas na cidade gaúcha. Entre as vítimas fatais estão o pai e o irmão dele. O atirador foi encontrado morto dentro da casa após ser cercado pelas autoridades.
Os dois agentes policiais em estado grave, identificados como Rodrigo Weber Volz, de 31 anos, e João Paulo Farias, 26, seguem em atendimento no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Já a mãe do atirador, Cleris Crippa, 70, passa por uma cirurgia na Fundação Hospital Centenário, em São Leopoldo. A cunhada de Edson, Priscila Martins, 41, também foi operada na mesma unidade médica que a sogra e deve ser encaminhada para a UTI.
Um guarda municipal, identificado como Volmir de Souza, de 54 anos, e outros dois policiais militares, Eduardo de Brida Geiger, 32, e Joseane Muller, 38, também foram atendidos em Novo Hamburgo e estão estáveis. Somente um agente, Leonardo Valadão Alves, 26, recebeu alta até o momento.
O pai do atirador, Eugênio Crippa, de 74 anos, foi morto pelo filho ainda dentro de casa. O irmão dele, Everton Crippa, 49, também foi atingido pelos disparos e chegou a ser encaminhado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Durante o tiroteio, um policial militar, identificado como Everton Kirsch Júnior, também foi morto. Ele tinha 31 anos e deixou a esposa e um filho recém-nascido, de 45 dias.
Como o tiroteio começou?
De acordo com informações da Brigada Militar, a polícia militar do estado, a corporação foi acionada na noite desta terça-feira, para averiguação da denúncia de maus-tratos a um casal de idosos que era mantido em cárcere privado. O suspeito teria começado a atirar ao reagir à abordagem policial. De acordo com testemunhas, ele foi para a frente do imóvel com uma arma de fogo e efetuou disparos. Ainda durante a ação policial, o Edson Crippa teria abatido dois drones usados.
À RBS TV, o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, Alexandro Famoso, afirmou que as tentativas de negociação aconteceram “a todo momento”.
"Tentamos conversar com ele, tentamos contato telefônico através dos números que a gente conseguiu, ele não responde a nenhum contato que estamos tentando fazer com ele. A única forma de resposta é através de disparos”, disse o tenente-coronel.
Como atirador morreu?
Ainda segundo a Brigada Militar, a perícia vai confirmar como se deu a morte. De acordo com Feoli, a hipótese é de que o homem tenha sido atingido durante um tiroteio com a polícia.
— Ele já estava morto quando da incursão de agora. Deve ter sido alvejado quando da resposta de tiro nas incursões para retirar os policiais e familiares alvejados — detalhou ele.
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